“Ajudar os jovens a terem mais conhecimento e não caírem nas armadilhas das drogas”. Foi assim que Juliene Lima Santos, 21 anos, integrante do ProJovem, definiu o Plano Estadual de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas, lançado na manhã desta terça-feira, 8, pelo governador Marcelo Déda. A iniciativa envolve ações das secretarias de Estado da Saúde (SES), Educação (Seed), Segurança Pública (SSP) e Inclusão, Assistência e Desenvolvimento Social (Seides).
Para Juliene Santos, um dos pontos principais do plano corresponde às ações da Saúde, que vai aumentar os leitos de desintoxicação nos hospitais gerais e psiquiátricos do estado, a exemplo do Hospital de Cirurgia, São José e da Clínica São Marcelo. “Acredito que o vício seja uma doença, então a SES é um órgão muito importante na luta contra este mal. Os jovens precisam ‘desenvolver mais a cabeça’ com outras coisas e não com o crack”, opinou a jovem.
Segundo Mônica Sampaio, secretária de Estado da Saúde, este plano foi criado para mobilizar toda a sociedade, por isso o governador fez questão de incorporar várias secretarias e as prefeituras. “Todos juntos, temos que lutar contra este mal que vem assolando as nossas famílias. A SES vai organizar a rede de serviços para acolher e atender os usuários e ainda vamos trabalhar conjuntamente com as secretarias e os municípios na prevenção do crack”, afirmou a secretária.
“Realmente, os municípios estão precisando deste apoio. Estávamos sem saber que caminho seguir. Agora, vamos aproveitar e reunir nossos funcionários para buscarmos soluções para o nosso território, principalmente os casos mais graves. Mas, o foco das nossas ações será a prevenção, juntamente com as ações da Saúde”, argumentou Esmeralda Cruz, prefeita de Carmópolis, um dos 11 municípios foco das ações neste primeiro momento do plano.
Investimentos
De acordo com a psiquiatra Ana Raquel Santiago, diretora de Atenção Psicossocial da SES, o Estado e as prefeituras vão se unir na luta contra o crack. “O Governo do Estado vai investir maciçamente nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), mas precisamos do apoio da sociedade civil, das igrejas, dos movimentos e trabalhar nos municípios a saúde mental e a redução de danos”, disse Ana Raquel.
Ele acrescentou que todos os profissionais de saúde de Sergipe serão capacitados, bem como os assistentes sociais, diretores e professores. “É um tema da atualidade e todos os atores envolvidos têm que acolher e ajudar os usuários. Os governos têm feito esforço não só na repressão, mas principalmente na prevenção com o envolvimento das famílias”, concluiu a diretora.
O plano está dividido em quatro eixos: prevenção e mobilização social; cuidado e atenção ao usuário e à família; reinserção social; e repressão. À SES cabe, principalmente, o segundo eixo. Para isso, serão disponibilizados, até dezembro, 80 leitos de desintoxicação nos hospitais gerais e psiquiátricos. Haverá também, inicialmente, 40 vagas em fazendas de reabilitação, com possibilidade de aumento para 100 até dezembro.
As ações dentro desse eixo ainda incluem a abertura de edital para Casa de Acolhimento Transitório, que vai dispor de 12 vagas; o incentivo e custeio aos Caps; a capacitação dos profissionais; e a criação do disque saúde com o número 0800 282 2822, que já entra em vigor nesta terça-feira, para orientações e esclarecimentos sobre o crack com a equipe de saúde mental da SES.
Capacitações
Já nesta terça, no período da tarde, a SES deu início à capacitação dos facilitadores que irão treinar os profissionais nos municípios. Os participantes são representantes dos Centros de Atenção Psicossocial, redutores de danos, Atenção Básica, Seides, e profissionais dos Centros de Referência de Assistência Social Especializada e Básica – Cras e Creas.
Neste primeiro momento, estão sendo treinados facilitadores dos municípios da Barra dos Coqueiros, Nossa Senhora do Socorro, São Cristóvão, Maruim e Carmópolis. “Até dezembro, pretendemos incluir os profissionais dos 75 municípios ligados à rede hospitalar, equipes do Programa de Saúde da Família e Samu 192 Sergipe, além dos Caps, Cras e Creas”, explicou Suely Matos, técnica da Diretoria de Atenção Psicossocial da SES.
A técnica estadual ressaltou que um dos objetivos das capacitações é possibilitar o diálogo entre a rede intersetorial do plano de enfrentamento do crack. “Até o final do ano, a rede vai estar devidamente capacitada para dialogar sobre prevenção, promoção, reabilitação e inclusão”, enfatizou Suely Matos.
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