quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

POLÍCIA - Polícia Civil faz a primeira apreensão de crack líquido em Sergipe

Após 30 dias de investigações desenvolvidas pela Delegacia Especial de Combate ao Tóxico e ao Entorpecente (Decte), Complexo de Operações Especiais Policiais (Cope) e pela Divisão de Planejamento e Inteligência Policial da Polícia Civil (Dipol), foi desarticulada na noite da última segunda-feira, dia 1º, e na madrugada desta terça-feira, dia 2, uma quadrilha que vinha transportando crack de São Paulo para Aracaju. O detalhe é que pela primeira vez a polícia de Sergipe faz a apreensão de crack no estado líquido.

De acordo com o delegado João Batista, que coordenou as investigações, os traficantes traziam para Sergipe quatro garrafas de refrigerante com o líquido que, em contato com ar, acaba solidificando e se transformando no crack pronto para o consumo. Os integrantes da organização criminosa vinham sendo monitorados desde a aquisição de um carro Vectra, placa policial KIM-6013, intitulado pela polícia como 'Pokemon' (veículo que é financiado e não tem suas prestações pagas, sendo assim adquirido por preço abaixo do mercado).

A droga no estado líquido seria colocada em pequenas cápsulas medindo três centímetros. "Os usuários em São Paulo já democratizaram essa nova estratégia para consumir o crack. Eles compram as cápsulas aos traficantes por cerca de R$ 10 e colocam no bolso para usar, geralmente, nas festas noturnas da cidade. Fica mais prático para os usuários, o traficante e dificulta o trabalho da polícia", comentou.

De acordo com João Batista, a droga foi adquirida por R$ 20 mil em São Paulo, mas ainda não havia sido paga. "Com isso, fica claro que há uma rede criminosa organizada em São Paulo e que distribui essa droga para outros traficantes. Com o lucro, de cerca de 40 mil, haveria o repasse do dinheiro para os traficantes paulistas", analisou o delegado.

A operação

Na quinta-feira, dia 27 de novembro, a polícia sergipana montou uma operação com o intuito de monitorar dois membros da quadrilha que estavam em São Paulo e vinham para Aracaju com a droga. Na segunda-feira, dia 1º, por volta das 23h30, o veículo foi interceptado pelos policiais civis com o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) quando transitava na BR-101, no trecho próximo a cervejaria Águas Claras, em Estância.

Sem obedecer à ordem policial, o veículo foi parado após ser alvejado por disparos efetuados pela polícia que atingiram um dos pneus. Dentro do carro estavam José Alves da Silva, 31 anos, conhecido por 'Zé Baiano' e o paulista Geison Bastos de Santana, 25, vulgo 'Buchecha', que estava acompanhado pela esposa e um filho de três anos. Numa primeira abordagem, os policiais não acharam nada que incriminasse a dupla. Eles então foram encaminhados para a sede do Comando de Operações Policiais Especiais (Cope), onde foi realizada uma revista mais minuciosa. Para surpresa da policia, foi encontrado em formato de liquido, dois quilos de crack que estavam acondicionados em garrafas plásticas mergulhadas no combustível do tanque do Vectra.

Após a prisão da dupla, foram então organizadas diligências que culminaram com a localização de outros membros do grupo em bairros de Aracaju. No início da manhã desta terça-feira, 2, foram presos Jairo Roney Góis de Faria, 31 anos, José Tarcísio dos Santos, 31 anos, e Severino José da Silva, vulgo 'Bio', 42 anos. De acordo com a polícia, a organização criminosa tem ramificação nos presídios de Sergipe com ligação a detentos do sistema prisional paulista.

Uma linha de investigação levanta a suspeita de ligação com a organização criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC), levando a crer que uma ramificação do PCC vem fazendo transações com criminosos detidos nos presídios sergipanos.

Dos cinco presos, apenas Jairo Roney não tem passagem pela polícia. Segundo levantamento, ele financiou a viagem dos dois membros do grupo para São Paulo, além da compra do carro. Já Severiano José tinha 20 dias que havia deixado o sistema prisional sergipano, após cumprir pena por tráfico de drogas.

José Alves estava em liberdade há três meses, depois de ser indiciado por tráfico de drogas. Geison Bastos cumpriu pena em São Paulo por receptação e tráfico de drogas. Já José Tarcísio foi preso após ser acusado pelo crime de roubo. A esposa de 'Buchecha', que estava no carro no momento da prisão dos dois primeiros membros do grupo, foi ouvida e liberada juntamente com seu filho para retornar a sua cidade de origem (Osasco-SP) no início da tarde desta terça-feira.
Os trabalhos contaram ainda com o apoio de policiais da 4ª Delegacia Metropolitana, do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), do Centro de Operações Especiais da Polícia Militar (COE) e da 4ª Vara Criminal de Aracaju.

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