sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

SAÚDE - Estado beneficia usuários do SUS com a realização de cirurgias de catarata

“Eu não enxergava direito. Via as letras todas embaçadas e, desde 2007, tentava fazer essa cirurgia pelo SUS”. O depoimento da paraibana de Campina Grande Edite Félix Lucena, 76 anos, reflete bem a realidade de milhares de brasileiros que convivem com uma doença que, se não for diagnosticada e tratada de forma rápida, pode levar à perda total da visão.

Porém, o destino de dona Edite foi outro. A mudança se deu graças ao serviço do Ambulatório de Oftalmologia do Centro de Acolhimento e Diagnóstico por Imagem (Cadi). Há 13 anos morando sozinha numa pequena casa do conjunto João Alves Filho, em Nossa Senhora do Socorro, desde o ano passado que a aposentada não convive mais com a catarata.

“Foi uma graça para mim poder fazer a cirurgia pelo SUS, porque não tinha condições de pagar, como não tenho até hoje”, diz a paraibana, que para sobreviver depende da aposentadoria que recebe mensalmente no valor de um salário-mínimo. Para se livrar da catarata, ela se submeteu a duas cirurgias: uma em abril, quando operou o olho direito, e a outra em junho, resolvendo o problema do olho esquerdo.

Serviço

Vinculado também ao Núcleo de Atenção Especializada da Secretaria de Estado da Saúde (SES), o Centro de Acolhimento e Diagnóstico por Imagem, localizado na Avenida Tancredo Neves próximo ao Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), proporcionou a milhares de sergipanos a oportunidade de voltar a enxergar, em muitos casos recuperando totalmente a visão.

Nos últimos três anos, a unidade diagnosticou 1.964 cataratas em 1.173 pacientes. No mesmo período, a unidade viabilizou a realização de 1.329 cirurgias, o que representa um percentual de 67,66% do total diagnosticado. Dentre essas cirurgias, 666 foram realizadas em 2007, 209 no ano seguinte e 454 em 2009.

O Cadi dispõe de um Ambulatório de Oftalmologia, responsável por consultas, exames e procedimentos especializados de média complexidade aos usuários do SUS. É o caso do diagnóstico e realização de cirurgias eletivas de catarata, uma patologia dos olhos que consiste na opacidade parcial ou total do cristalino ou de sua cápsula.

Segundo Diana Maria Mesquita Teixeira, coordenadora geral do Cadi, a SES, em parceria com o Ministério da Saúde, desenvolve o Projeto de Cirurgia de Média Complexidade para Cirurgias Eletivas. O Cadi atende usuários com diagnóstico de catarata, que são submetidos à consulta oftalmológica e a exames de autorefração, acuidade visual e biometria.

Agendamento

O agendamento é realizado seguindo uma fila única. “Isso garante o acesso a todos os usuários com base nos princípios do Sistema Único de Saúde e da Reforma Sanitária e Gerencial do SUS em Sergipe”, explica Diana Mesquita. Segundo ela, o prazo de espera para a cirurgia dura até 15 dias. “Esse prazo depende da agilidade com que o paciente realiza os exames laboratoriais complementares”, acrescenta.

No ambulatório do Cadi duas médicas oftalmologistas realizam uma média de 200 atendimentos mensais, entre consultas, avaliações e retornos. Os pacientes têm asseguradas consultas com oftalmologista 24 horas após se submeterem à cirurgia, procedimento que se repete 15 e 30 dias depois e garante o monitoramento até a liberação por alta.

“Tudo isso é possível graças à implantação no Cadi no sistema de prontuário eletrônico, que permite monitorar todos os passos do paciente, desde a consulta, passando pela cirurgia e o pós-operatório”, explica a coordenadora do centro, que recebe tanto pacientes referenciados pela Atenção Básica quanto aqueles que chegam por demanda espontânea à unidade.

As cirurgias de catarata são realizadas todas as segundas e terças-feiras. As consultas do primeiro retorno acontecem 24h após o paciente se submeter ao procedimento cirúrgico, que até o ano passado eram realizados no Hospital Senhor dos Passos, no município de São Cristóvão, na região da Grande Aracaju, com o qual a SES matinha convênio específico para a realização dessas cirurgias. Este ano, os procedimentos serão executados no próprio Centro de Diagnóstico.

Ela salienta que a partir da atual gestão da SES, o acesso ao serviço foi democratizado. “Desde 2007, o serviço passou a ser porta aberta para todos os municípios sergipanos”, revela. Nos últimos três anos, o Ambulatório de Oftalmologia acolheu e atendeu a pacientes de 68 municípios sergipanos. “Muitos pacientes chegam ao Cadi quase cegos, precisando de amparo pois não enxergam nem a rampa da unidade”, acrescenta.

Catarata

A catarata é a opacificação do cristinalino, estrutura que corresponde a uma lente capaz de focalizar a imagem sobre a retina, possibilitando uma visão perfeita. Suas causas englobam diversos fatores, estando associada à nutrição, diabetes, infecções, traumatismos, envelhecimento entre outros. O único tratamento para a doença é cirúrgico.

Após a retirada do cristalino opacificado, é colocada uma lente intraocular rígida ou dobrável que pode ser de vários materiais, sendo os mais utilizados de acrílico ou silicone para compensar o grau do cristalino normal. A cirurgia é realizada com anestesia local com acompanhamento do anestesista, que controla os sinais vitais do paciente.

Nenhum comentário: