sexta-feira, 23 de outubro de 2009

RAIVA - Lacen auxilia na pesquisa do vírus da raiva em Sergipe

Responsável pela realização de mais de 100 tipos de exames para diagnóstico de doenças como tuberculose, dengue, meningite, sífilis e leishmaniose, o Laboratório Central de Saúde Pública Parreiras Horta (Lacen) também desempenha um importante papel para a pesquisa do vírus da raiva em Sergipe.

O trabalho é desenvolvido pelo Laboratório de Zoonoses do Lacen, em convênio com o Instituto Pasteur, em São Paulo, que é referência no país para a tipificação do vírus rábico e para onde são encaminhadas as amostras analisadas pelo órgão estadual.Segundo o médico veterinário Carlos Henrique Lordelo Reis, responsável técnico pelo diagnóstico da raiva e pelo biotério do Lacen, todo o serviço é realizado com base nos protocolos e normas preconizadas pelo Ministério da Saúde e Secretaria de Estado da Saúde (SES). “O trabalho ocorre em parceria com as Vigilâncias Epidemiológicas do Estado e dos municípios, a quem cabe a coleta das amostras”, explica.

No caso de Aracaju, as amostras são encaminhadas diretamente pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). “Além de cães e gatos, no Lacen também analisamos, para diagnóstico da raiva, amostras coletadas de animais herbívoros, como bovinos e ovinos, em parceria com a Emdagro [Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe]”, ressaltou.

Testes

Para o diagnóstico laboratorial da raiva animal e humana, o Lacen emprega duas metodologias. A mais rápida, segundo Carlos Henrique, é a da imunofluorescência direta. “Por esse tipo de teste, o resultado é obtido em até 24 horas”, explica Carlos Henrique. Segundo ele, o exame confirmatório para o vírus da doença é realizado a partir da inoculação da amostra em camundongos lactentes (que estão em fase de amamentação), criados no biotério do próprio Laboratório Central.

O resultado do teste confirmatório, no caso de amostras colhidas a partir de bovinos, felinos, caninos e humanos, sai dentro de um período de 21 dias. “Esse prazo é um pouco maior para as amostras coletadas em eqüinos e morcegos, cuja confirmação é obtida após 30 dias do ensaio em laboratório”, informa o médico veterinário. No caso de positividade, essas amostras são encaminhadas ao Instituto Pasteur, para posterior tipificação.

Números

De acordo com relatório do Laboratório de Zoonoses, no ano passado, foram encaminhadas ao Instituto Pasteur 15 amostras positivas, das quais 14 de animais herbívoros compatíveis com a variante 3 do morcego hematófago da espécie “Desmodus rotundus”.

Segundo Carlos Henrique, essa variante do vírus é a predominante no estado, mas entre as amostras enviadas ao centro de referência paulista também houve uma coletada de uma raposa no município de Pinhão, cujo vírus é do tipo 2, compatível com a variante canina.

De janeiro a agosto deste ano, o Lacen já recebeu 240 amostras para diagnóstico da raiva, das quais três apresentaram positividade, mas todas de animais domésticos e silvestres, como um guaxinim. Lordelo lembra a importância desse serviço para as Vigilâncias Epidemiológicas de municípios em relação à raiva que, como preconiza o Ministério da Saúde, é um agravo de notificação individual, compulsória e imediata. “Um único caso de raiva humana pode determinar a falência do sistema de saúde pública local”, adverte.

O médico-veterinário lembra inclusive que o Lacen disponibiliza para qualquer município um profissional a fim de realizar capacitação técnica destinada à coleta das amostras a serem encaminhadas ao órgão.Carlos Henrique também ressalta a importância da tipificação do vírus rábico para subsidiar o Programa Estadual de Controle e Prevenção da Raiva Animal, desenvolvido pelo Núcleo de Endemias da SES. “Esse serviço permite à Vigilância Epidemiológica conhecer o vírus circulante no estado e, a partir daí, preparar estratégias de combate à raiva, que é diferenciada para cada variante”, justifica.

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