terça-feira, 26 de janeiro de 2010

SAÚDE - Rede municipal amplia realização de cirurgias de vasectomia

O número de cirurgias de esterilização masculina (vasectomia) realizadas na rede municipal, através do Sistema Único de Saúde (SUS), cresceu em 60% em menos de um ano. Em abril do ano passado, eram feitas cerca de 20 vasectomias por mês, através do Programa de Planejamento Familiar da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Atualmente, o número médio mensal de procedimentos é de 32.

Os processos de marcação de exames e consultas vêm sendo cada vez mais agilizados após a implantação da nova Central de Marcação e de Regulação (substituição do Sistema Giros para Sisreg III). Mas, além desse investimento na saúde pública, o acompanhamento junto à comunidade, feito pelas equipes das Unidades de Saúde da Família (USFs), é essencial para que os números se apresentem cada vez mais de forma positiva.

De acordo com o médico da Saúde do Homem na rede municipal, Dr. José Antônio Barreto Alves, o acompanhamento junto ao paciente começa através do contato com o enfermeiro, mas todo o processo é feito de forma cautelosa. "Quando o homem conversa com o enfermeiro da Unidade Básica sobre a possibilidade de realizar a cirurgia de vasectomia, ele dá várias opções de planejamento familiar, explicando as características de cada uma. Somente através da informação clara é que o paciente pode ter a certeza do que ele quer", informa o médico.

"A cirurgia de vasectomia é definitiva, não tem volta. Então, antes que o paciente tome a decisão, nós recomendamos primeiro o uso de diversos contraceptivos eficazes, como a camisinha (masculina e feminina) e o anticoncepcional, no caso da esposa. Mas, se ele estiver realmente decidido, temos várias equipes preparadas para atendê-lo e realizar o procedimento", complementa José Antônio.

Acompanhamento

Como a cirurgia de esterilização masculina é um procedimento definitivo, toda paciência se faz necessária na hora de lidar com o paciente. Além do enfermeiro, profissionais da assistência social e médicos da equipe de saúde da família também mantêm contato frequente com o homem, durante a fase pré-operatória.

"O prazo mínimo entre a primeira consulta e a cirurgia é de 60 dias. Ou seja, esse tempo é necessário para que o assistente social explique ao paciente todo o contexto envolvido na realização da cirurgia. E que ele, por exemplo, mesmo que se case com outra mulher e queira ter outros filhos, não poderá mais realizar a fecundação. Tudo é explicado e enfatizado, para que ele tenha certeza se realmente quer fazer a cirurgia", explica o médico.

Para se submeter à cirurgia, o homem precisa ter uma idade mínima de 25 anos ou pelo menos dois filhos. "Às vezes aparece um paciente que tem mais de dois filhos, mas ainda tem 20 anos. Não tem problema, fazemos o procedimento da mesma forma, deixado claro a irreversibilidade da cirurgia", complementa.

Procedimento

Apesar de muitos se assustarem com o caráter definitivo da cirurgia, o médico da Saúde do Homem explica que ela é simples. "O procedimento cirúrgico dura em média meia hora e o paciente geralmente é liberado no mesmo dia. Em mais ou menos uma semana, ele já pode voltar a fazer todas as atividades normais", detalha.

Ele afirma ainda que as cirurgias são realizadas no hospital e o acompanhamento pós-operatório é feito pelas equipes da Unidade de Saúde de cada bairro. Segundo o Dr. José Antônio, a rede especializada conta com quatro urologistas, que realizam uma média de 184 consultas por mês.

Mitos

Por falta de informação, existe um mito de que, com a realização da cirurgia de vasectomia, o homem poderia ficar impotente. José Antônio explica ainda que o preconceito é o maior obstáculo para o trabalho das equipes médicas.

"Durante o período mínimo entre a consulta e a cirurgia, o assistente social também tem o trabalho de convencer o paciente de que sua vida sexual não mudará após o procedimento. Por ser uma pequena intervenção interna no órgão, não afeta em nada o desempenho sexual do homem", informa o médico.

Da mesma forma, a cirurgia também não favorece o surgimento de qualquer tipo de câncer, ao contrário do que alguns acreditam. Além disso, para um casal, pode ser a forma mais prática e segura de evitar a gravidez, pois para a mulher a cirurgia de esterilização é muito mais complicada.

Embora a cirurgia esteja se popularizando cada vez mais, é importante lembrar que a vasectomia previne apenas a gravidez. O uso de preservativos é indispensável para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.

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