quarta-feira, 18 de novembro de 2009

TERMINAIS DE ÔNIBUS - Conservação custa R$ 80 mil por mês

A cada golpe da vassoura é mais uma casca de amendoim ou um papel de bala que vai para o saco de lixo da agente de serviços gerais Rosângela Andrade. E a todo momento ela pensa que as pessoas de Aracaju poderiam colaborar, jogando seus resíduos nas latas de coleta espalhadas pelo Terminal de Integração Zona Oeste, onde trabalha. "Encontro de tudo no chão, menos dinheiro", brinca. "Até mesmo estando do lado das cestinhas as pessoas preferem atirar tudo no chão", acusa.

Rosângela faz parte de um pequeno exército que a Prefeitura de Aracaju mobiliza diariamente para higienizar e conservar os seis terminais de integração espalhados pela cidade. É nesses espaços que milhares de usuários de ônibus fazem conexões entre linhas para cruzar a cidade. "As pessoas deveriam cuidar do que é delas, mas boa parte não entende assim. E isso aumenta o gasto com a limpeza. Bastava cada um fazer sua parte", explica.

O trabalho da varredora é apenas uma das ações. "Estamos nesse momento com um programa de reforma e recuperação dos terminais e executando um programa de manutenção periódica, limpeza constante e conscientização do público para a necessidade de conservar os equipamentos públicos", explica Rita de Cássia Luz, da Coordenação de Educação para o Trânsito, da SuperintenDência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT).

Segundo Rita, o Projeto Humanizando os Terminais consiste também numa parceria com entidades públicas e privadas. "Temos apoio do Setransp [Sindicato das Empresas de Transporte de Aracaju], que ajuda a manter os espaços, e do Senac [Serviço Social do Comércio], que colabora com a qualificação de trabalhadores que atuam nos terminais. Essas parcerias vêm ajudando a mudar a cara desses espaços", afirma a coordenadora.

Mas, mesmo com o apoio externo, o investimento da prefeitura é elevado: chega a R$ 80 mil por mês, mas poderia ser até 40% menor. "É a lavagem, é a varrição, é a limpeza dos banheiros... Isso sem falar nos reparos periódicos que temos que fazer nos equipamentos, por mal uso ou vandalismo. Os banheiros são os que mais sofrem. Todo dia tem espelho quebrado, torneira furtada, porta arrancada ou parede pichada", lamenta Rita de Cássia.

Revolta

A irresponsabilidade alheia atinge pessoas como a servidora pública Zilda Teles Cardoso, que todos os dias faz conexão entre ônibus no terminal Zona Oeste. "Às vezes a gente precisa utilizar o sanitário no retorno para casa e encontra a descarga quebrada, sendo que pela manhã ela estava novinha. Ô, Deus, não é possível que as pessoas não entendam que isso tudo é do povo mesmo. A manutenção é bem feita, mas não é por isso que vamos quebrar".

E quem sabe bem essa rotina é o administrador de cada terminal. Cada um tem o seu e no Zona Oeste, Erinaldo Nunes é o responsável. Para esse 'zelador do terminal', a função é inglória, mas gratificante. Enquanto conversa, ele observa tudo ao seu redor e aponta. "Viu? É daquele jeito. O menino masca o chiclete e cospe no chão. Aqui devia ser como numa cidade da Alemanha, onde é proibido mascar chiclete na rua. Isso gruda no chão e é dificil tirar. Fica horrível!", mostra.

Erinaldo se sente feliz quando ouve um elogio ao terminal, mas não atribui a si o mérito. "O pessoal tem gostado da limpeza. A higiene e a conservação tem melhorado muito, mas também, a gente tem equipes limpando a todo tempo", garante. "Isso aqui é um local público, que todos usam, e acho que os próprios usuários deveriam dar mais valor. Claro que não são todos, mas a coletividade paga por uns", lamenta, mostrado danos feitos em portas de banheiros.

A agressão ao patrimônio público também irrita usuários como José Augusto Santos, que no final da tarde paga sua passagem e espera a condução para casa no terminal Zona Oeste. "Incrível isso que fazem. Assim não tem dinnheiro da prefeitura que dê jeito. Aliás, dinheiro do povo mesmo, não é? Mas pelo menos a limpeza é feita constantemente. Tanto que a gente não tem do que reclamar, pois o espaço está sempre sendo varrido", testemunha o padeiro José.

Nenhum comentário: